terça-feira, novembro 25

Ad Ignorantium (Apelo a Ignorância)


Este argumento é usado para concluir que algo é verdadeiro só porque não pode ser provado como falso, ou vice-versa.
De todas as falácias apresentadas até aqui, esta considero especial, pois, em si mesma, quando empregada num ambiente religioso, se demonstra imprópria para manter ou derrubar qualquer premissa, simplesmente, porque apela para a ignorância, pois parte do princípio que o ouvinte não detém o conhecimento de uma informação de cunho vital para a interpretação correta do assunto em pauta e, ainda que, não há meios disponíveis para que este obtenha auxílio a interpretação, elucidação e posicionamento argumentativo correto perante a exposição. É uma falácia, amplamente, utilizada e não resolve o “X” da questão, como por exemplo, no duplo posicionamento descrito abaixo:
“Como ninguém consegue provar que Deus existe, é óbvio que ele não existe”, ou ainda, “como ninguém consegue provar que Deus não existe, é óbvio que ele existe”.
É uma falácia! Uma forma incorreta de sustentar um argumento por mais fidedigno que este possa ser. Também é obra de preguiçoso que não seguiu a orientação apostólica de estar sempre pronto a responder qual é a razão da fé que há em cada um de nós.
O emprego desta falácia demonstra, pouco conhecimento daquilo que ouso defender, porque apelo à ignorância.
A melhor forma de provar a existência de um Deus que criou todas as coisas, nunca será pelo apelo a ignorância, mas sim, pelo apelo ao conhecimento, pois a própria criação demonstra, por natureza, que é obra de um ser criador. As escrituras o fazem da mesma forma.
Ultimamente, a arqueologia tem sido a grande ferramenta a validar os relatos bíblicos para o mundo, pois ela tem encontrado provas irrefutáveis da existência de objeto de uso, construções e povos os quais a bíblia cita e identifica, qualificando o texto bíblico como válido e verdadeiro perante a sociedade que anseia por desqualificá-lo como tal.
Geralmente, quem alega alguma coisa é responsável em provar que tal argumentação é digna de crédito. É, exatamente, o que o apóstolo Paulo fazia! Provava de modo irrefutável e inquestionável que Jesus era o Cristo, o Messias, o filho da Promessa.
Quando anunciamos nosso posicionamento acerca de um determinado assunto e solicitamos que alguém diferente daquele que propõe ou sugestiona o argumento o refute se puder, estamos transferindo o ônus da prova para o ouvinte e caímos no mesmo erro falacioso.
O ouvinte possui seu próprio modo de pensar e agir, não está obrigado a provar nada, aliás, ele espera que aquele que argumentou prove seu posicionamento e não o contrário.
Permita-me descrever o seguinte diálogo:
- “É óbvio que já estamos vivendo, plenamente, no reino de Deus e não há arrebatamento, nem necessidade de preocupar-se com tal invenção humana.”
- “O que? Você faz idéia da heresia que está dizendo?”
- Então você não crê assim? Acha que sou herético? Prove-me de que as coisas não são do modo como falo?
O ônus da prova foi transferido, erroneamente, para quem está ouvindo, ao invés daquele que propaga o argumento, explicitá-lo.
Quem procede de tal forma é considerado como homem de pouco conhecimento, cuja raiz não se aprofundou o suficiente para sustentar suas argumentações (“seu posicionamento”). Por esse motivo, foge de expor suas idéias esperando que seu ouvinte caia na rede e tenha menos poder de argumentação do que ele demonstrou ter.
O caminho ensinado pelas escrituras é sempre, diametralmente, o oposto.
Saber responder a qualquer um que perguntar a razão da esperança que há em nós e isso exige leitura da palavra, tempo para aprofundamento e busca incessante por intimidade com Deus.
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