sexta-feira, dezembro 5

Non Sequitur , A Falácia das Implicações (Causa & Efeito)


Esta falácia ocorre quando não há relação verdadeira entre causa e conseqüência. Não há ligação entre premissa e conclusão.
Quando nossas premissas e todos os argumentos levantados para dar suporte à conclusão não tem relação alguma com aquilo que queremos defender, ocorre aquilo que caracterizamos por falácia da falta de implicação causa efeito. Imagine-se construindo uma casa onde os alicerces foram firmados no terreno ao lado daquele onde você resolveu colocar o teto da casa. Pode, até, parecer muito bonito, mas não será nada funcional. O teto estará de pé somente para nosso argumentador, que pelo poder da sua fé crerá naquilo que resolver fundamentar. Pena que segundo seus interlocutores, alguma coisa estará faltando, gerando um grande sinal de interrogação em suas mentes, por identificarem a falta de ligação entre os argumentos e a conclusão.
Por exemplo, “Se Deus está no controle, vai ter chuva de bênçãos!”. Será verdade?
Após o batismo com o Espírito Santo, Jesus foi levado pelo Espírito para ser tentado no deserto, permanecendo lá durante 40 dias. Com certeza, o controle divino é inquestionável, pois quem O conduziu até o deserto foi o próprio Espírito. Contudo, Ele foi conduzido para ser tentado!
Onde está a benção, segundo o entendimento humano da questão? Será que é esta benção que o interlocutor está a se referir? Se assim for, não há falácia aqui, contudo se a benção a que ele se refere for aquele que estamos acostumados a entender como clamor e voz do povo, então estaremos falando de coisas diferentes e sem ligação alguma entre elas.
O Espírito Santo conduziu-o para a batalha, para a provação e não as bênçãos, oásis, luxos e riquezas almejadas por alguns homens que abraçaram determinadas teologias anti-bíblicas.
Quem sabe, não citamos o personagem errado? Cristo, talvez, seja santo demais para enquadrar-se nesta proposição. Talvez, Jó seja alguém melhor citável! Um homem rico, próspero, justo, reto e temente a Deus, que perdeu tudo o que tinha e passou todos os tipos de necessidade e aflições, e é claro, tudo sob o controle de Deus, que administrava o que poderia e não poderia ser tocado na vida de Jó. É, ..., também, não deu certo!
Não importa quem venhamos a citar. Não há amparo para esta argumentação! Ela é falha, mas caímos "aos baldes" nela.
Outros exemplos!
“Eu também tenho direito a estas coisas, porque também sou filho de Deus!”
“Temos que ter uma igreja bonita e bem ornamentada, pois todos nossos membros são bonitos e bem vestidos”.
“O filho do pastor é um verdadeiro santo, afinal de contas, seu pai é um pregador excepcional”.
Todas essas as frases acima apresentam falácias em suas construções, relacionadas à causa e efeito, alicerces e teto. Você saberia identificá-las?
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2 comentários:

Anônimo disse...

Caro Pensador,

"Se o homem não tem livre-arbítrio então não é responsável perante Deus" é um exemplo de non sequitur?

Em Cristo,

Clóvis

Unknown disse...

Analisar uma dupla negativa é algo que frita os neurônios de qualquer homem. Não sou diferente! Portanto, vou analisar sua contraparte. Ao retirar à negativa de ambas as partes das sentenças, tenho uma frase de sentido oposto, mas com a mesma estrutura de formação. "Se o homem tem livre-arbítrio então é responsável perante Deus". É óbvio que nem sempre o que é verdadeiro num sentido o será em outro.
O Non Sequitur é mais fácil de identificar quando o erro é grosseiro demais para nos fugir aos olhos, tipo: "Gatos gostam de leite, portanto, Lula é um excelente presidente".
A questão em si é de complexa elucidação, uma vez que estamos envolvendo na resposta posicionamentos teológicos e doutrinais. Se me lembro bem do que estudei sobre Calvino e em conversas com amigos batistas e presbiterianos, sua colocação está pautada num conhecimento anterior e doutrinal.
Se assim for, ..., creio que Calvino afirma que o único homem, verdadeiramente, livre é aquele que aceitou a Cristo, pois este tem poder para discernir entre o bem e o mal, certo e errado, ou seja, tem a faculdade mental restaurada para exercer o que foi perdido com a queda ao ter se tornado escravo do pecado, etc.
Dentro desta linha de pensamento, essa frase cairia no erro argumentativo indicado (Non Sequitor), pois, em Romanos encontramos a afirmação de que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. Aliado a isto, temos outra informação em Romanos que nos é lançada em rosto, sobre a consciência humana que, por ocasião do julgamento, atuará ora nos acusando, ora nos defendendo, independente de ter sido restaurado o livre-arbítrio deste homem, que segundo Calvino (se estiver errado tenha liberdade de corrigir-me), dar-se-á pela restauração do homem, a transformação em nova criatura, a aceitação de Cristo, ocasião em que ocorrerá o restabelecimento das faculdades mentais plenas para discernir entre o bem e o mal.
Logo, não será necessário que todos possam praticar o livre-arbítrio para que sejam responsabilizados por seus atos, se assim for o pensamento calvinista, então esta é uma falácia de implicação causa efeito, Non Sequitur.

Perdoe-me se fugi da sua solicitação. Quanto às doutrinas de Calvino, não tenho profundidade. Sinta-se livre para fazer qualquer comentário e quem sabe até permitir-me entender onde foi que expus de forma equivocada o ponto em questão.
No mais, a essência do Non Sequitor é falta total e completa de ligação entre aquilo que julgo ser a base das minhas afirmações para àquilo que julgo poder concluir através dela.

Um abraço, ...
Fique na paz...

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