quarta-feira, dezembro 6

Dos paradoxos, o meu preferido [...] !

Um paradoxo é uma declaração aparentemente verdadeira que leva a uma contradição lógica, ou a uma situação que contradiz a intuição comum. Em termos simples, um paradoxo é o oposto do que alguém pensa ser a verdade. O paradoxo é ou parece contrário ao comum; contra-senso, absurdo, disparate, contradição, pelo menos na aparência. Figura em que uma afirmação aparentemente contraditória é, no entanto, verdadeira. Afirmação que vai de encontro a sistemas ou pressupostos que se impuseram como incontestáveis ao pensamento.
Esta é a descrição da palavra PARADOXO quando a analisamos pelo dicionário. Inicialmente, podemos ficar de cabelos em pé, e até mais do que gostaríamos, mas entre todas as coisas que existem neste mundo, nada é mais interessante do que o paradoxo. Nada pode ser tão simples e tornar-se tão complexo quanto um paradoxo. Não precisamos concordar com ele ou aceitá-lo para que se torne complexo.
No paradoxo há argumento e contra argumento em constantes conflitos, de tal forma que, se estamos em cima do muro quanto a suas proposições, em cima do muro continuaremos. Isso ocorre porque ao analisarmos ambas as propostas, as duas parecem ser coerentes e corretas, ou tendem a tornarem-se incoerentes e aparentemente falsas, pela igualdade de valores apresentados.
É claro que estar em cima do muro é uma situação particularmente difícil de ocorrer, geralmente pulamos para um dos lados. Até aqui, não narro nada bíblico, apenas reflexões paradoxais.
Você poderia me perguntar, por que gosta tanto do paradoxo? Simples, porque ele é um estopim com questionamentos em série prontos a explodir. Ora nos levando a uma compreensão maior das coisas que nos cercam, ora funcionando como um verdadeiro marcador de combustível, indicando que o ponteiro encontra-se abaixo da reserva no tanque da sabedoria. Às vezes, me pego tentando decifrar o indecifrável, como qualquer um que se aventure em filosofar faria. Uma luta que ora pende para o campo mental, ora espiritual.
Sou fascinado pelo paradoxo porque Deus trabalha com o paradoxo. Através dele enxergamos limites ao nosso conhecimento. Algumas vezes o paradoxo torna-se o divisor de águas entre a razão e a fé, seja lá o que você entenda por isso. Eu prefiro definir o paradoxo como o divisor entre o conhecimento humano e a sabedoria infinita Deus, em outras palavras Deuteronômio 29.29 para todo mundo.
Não fica difícil de compreender esta afirmação quando lembramos que o paradoxo contradiz nossa intuição comum.
Numa época em que os Judeus buscavam um messias que os libertassem do jugo romano, que viesse com poder e glória aniquilando os inimigos de Israel. Ali em Belém nascia o filho de Deus, um carpinteiro.
Nasceu em Belém, viveu entre os egípcios, retornou a Nazaré, morou em Carfanaum, morreu no gólgota. Ali estava Deus, mas somente era visto o homem, pelo menos entre a maioria dos habitantes daquela terra. O Mestre dos mestres e Senhor dos senhores refletia a glória de Deus como unigênito do Pai, mas também, exalava simplicidade, amor, humildade. Tinha emoções tipicamente humanas, chorava, sorria e alegrava-se como qualquer homem. O salvador veio ao mundo como um simples carpinteiro, mas não deixou de ser o criador de tudo quanto há.
O problema do paradoxo está em contradizer a lógica humana. Como pode Deus e Homem existirem em uma única pessoas? Quantas opiniões diferentes você já ouviu a respeito? Eu, várias. Mas a verdade paradoxal é uma só: Jesus é 100% homem e 100% Deus.
Este não é o único problema paradoxal que se apresenta na Bíblia, afinal de contas, temos um único Deus em três pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo).
Talvez, um dos melhores presentes que Deus tenha nos dados, além é claro da salvação, seja a capacidade que temos de nos maravilhar com aquilo que não compreendemos. Um Deus que é um e ao mesmo tempo três. Um Deus Eterno, sem princípio nem fim que nasce e morre para salvar sua criação. E não só isso, somos adotados e admitidos como filhos. Um Deus que não pecou, não peca e nunca pecará, mas que se fez pecado por nós. Um Deus que nos chama a comunhão de uma maneira toda especial, “a todos que tendes sede, vinde às águas; e vós os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite” Is 55.1. Paradoxo + Paradoxo X Paradoxo / Paradoxo. Realmente fantástico!
Não é questão de contradição, pois em nada a Bíblia se contradiz. É apenas uma questão de falha de interpretação e entendimento nosso. Queremos analisar as escrituras segundo nosso próprio entendimento, humano, limitado e, por vezes, falho. Se assim o fizermos, corremos o risco de andarmos na contramão de Deus.
Através do paradoxo, Deus demonstra sua infinita sabedoria e o homem seu profundo desconhecimento das verdades eternas de Deus...
Os paradoxos na Bíblia nos levam a tomar decisões entre a palavra de Deus segundo nosso entendimento humano ou segundo a sabedoria de Deus derramada em nós pelo Espírito Santo. Paulo teve problemas para pregar o evangelho de Cristo, pois o povo queria ouvir o evangelho segundo a sabedoria humana cultural grega ou pela tradição judaica. Não queriam ter parte com Deus.
Leia 1ª Co 1.17-30.
A cruz nos Chama a reflexão. Deus usa paradoxos para confrontar a sabedoria humana com a divina. O que não parece ser lógico aos olhos humanos é o correto aos olhos de Deus.
Quando identificamos que não temos resposta para todas as coisas, devido a nossa má lógica, deixamos Deus tratar nosso orgulho e suposto conhecimento que temos dEle. É nesse momento que Deus nos ensina assim como ensinou o profeta Jonas durante o episódio em Nínive.
Talvez, Jonas pensasse que em Tarsis o poder de Deus não o alcançasse, e pudesse fugir das obrigações de profeta, as quais Deus já havia determinado a ele, mas Jonas aprende que não há limites para o poder de Deus. Não há como fugir da sua face, estando no alto das montanhas ou nas profundezas do abismo. Não era um Deus restrito a um território e com alcance a um determinado povo. Deus realmente era Deus!

Não seja sábio aos próprios olhos, pois Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para envergonhar os sábios. Certamente, não importa se encontramos paradoxos ou não! O que importa é o que fazemos com toda a palavra de Deus ministrada a nós.
Quando falamos sobre paradoxos, lhe pergunto: De que lado das proposições levantadas você fica?
Em cima do muro? Está mais do que comprovado que não podemos ficar em cima do muro. Deus nos chama a tomarmos uma decisão! Deus nunca nos chamou para sermos mornos. Lembremos das sete igrejas e qual Igreja está representando a atual época, na qual todos nós vivemos, a triste Laodicéias. Não! Mornidão, não!
O que fazer, então? Racionalizar tudo? Nem pensar, cairíamos do lado errado do muro e automaticamente estaríamos correndo o risco de tentar explicar a Bíblia sobre uma ótica humanística e desassociada de Deus.
Enfim, caiamos do lado de Deus, e não percamos tempo em devaneios loucos tentado responder a tudo e a todos, simplesmente porque escolhemos o lado certo do muro, ou pelo menos, acreditamos que escolhemos. Ora, se estamos do lado correto do muro e na presença de Deus, o que nos impede de lhe pedir direção? De confiar em suas orientações? De aceitar a repreensão? De sermos corrigidos? De sermos ensinados? de deixar ele ser o óleo e nós apenas os vasos onde é derramado sua glória?
Às vezes, sou levado a crer que muitos de nós já se “endeuzaram” (fizeram a si mesmo de deuses) e deixaram o único que realmente tem respostas para todas as coisas de lado. Pulamos para o lado de Deus com toda a nossa bagagem humanista prepotente e pretenciosa. Não pedimos e não O deixamos ser nosso Deus.
Se ao menos deixássemos Deus falar através de seus paradoxos, mas muitos de nós se fazem sábios demais para que a palavra os toque! Para que o arrependimento os convença! Para que mudem pela renovação da mente! Já ouviram e escolheram o lado da ciência, da humanidade, da prepotência, da arrogância, da exaltação própria. O lado desassociado de Deus.
Quem dera prestássemos nossos ouvidos a ouvir, nossos olhos a ver e nossos corações a entender, para que vendo, ouvindo e entendendo fossemos curados da nossa auto-estima elevada.



Que possamos analisar a palavra de Deus debaixo de Sua sabedoria, de acordo com Seu entendimento e divulgá-las a luz das escrituras. Que nos maravilhemos com as coisas encobertas por Deus e festejemos por elas, pois através dElas Deus se faz Deus e nós seus servos e filhos adotivos.



O paradoxo por vezes leva o homem a seu local perante Deus e Deus a seu local perante o homem.



Baruk haba beshem Adonai



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