quinta-feira, janeiro 24

FALSOS CONCEITOS E VELHOS MODISMOS


Nos alimentamos mal ou mal nos alimentamos? Talvez as duas coisas, e para quem for bom entendedor saberá que as duas coisas não perfazem a mesma resposta, antes complementam-se.

Nos alimentamos mal quando aplicamos colocações anti-bíblicas como se bíblicas fossem. Toda essa indumentária com a qual estamos sendo vestidos em nossos dias, vai contra tudo quando os apóstolos pregaram e o próprio Cristo viveu.
Prega-se que o ser humano é tão especial que Deus quer o melhor para sua vida, sendo que o melhor para a vida no homem tem que ser paz, prosperidade, sossego, riquezas e tudo quando mais o homem vier a desejar. Pena que a Bíblia não apóia essa idéia. Antes, ela nos manda seguir e ser como Cristo. Temos que ser como Ele, temos que ter os mesmo valores que Cristo. Despreocupado com a própria vida e consigo mesmo, e terrificamente preocupado com a questão do aflito. Não havia a manifestação do Eu em Cristo, fazendo com que a si mesmo se engrandecesse perante os demais. Antes, quando alguém tinha a idéia de impedi-lo de sofrer por nossa causa, repreendia tal tipo de colocação carregada de tentação a fim de que nos espelhássemos nele e não desejássemos, e nem ao menos, pensássemos de si mais do que convém.
Homens, tidos como grandes pregadores de nosso tempo, pregam ao nosso Eu, lhe agradando e fazendo-o achar que o sofrimento não foi feito para nós, Cristãos. Muito embora, os apóstolos se regozijavam por serem dignos de sofrer pelo nome de Cristo. Apagamos a primeira carta de Pedro de nossas mentes, corações e pregações.

“Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando. Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus. Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outrem; mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes, glorifique a Deus com esse nome. Porque a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada; ora, se primeiro vem por nós, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus? E, se é com dificuldade que o justo é salvo, onde vai comparecer o ímpio, sim, o pecador?” (1ª Pe 4.12-18)

Preferimos massagear nosso ego, nosso desejo carnal de sermos elogiados e bem vistos. Preferimos puxar nas entranhas de nosso nascimento a resposta para a falsa baixa-estima que dizemos possuir.
Para isso, afirmamos que somos importantes para Deus. Que somos mais do que vencedores desde o ventre, distorcendo os ensinamentos bíblicos. Certo dia um pregador afirmou que mais de 680 milhões de espermatozóides são lançados pelo órgão reprodutor masculino em busca do órgão reprodutor feminino tendo que percorrer uma distancia de nove centímetros para alcançar o óvulo.
Ele nos lembra que de todos os espermatozóides ejaculados, Deus escolheu a um destes para nascer em detrimento dos outros 679.999.999 espermatozóides, ou ainda que, na luta pela sobrevivência, eu venci todos os outros espermatozóides. Em seguida, ele afirma que Deus escolheu cada um dos que o ouviam em detrimento de todos os demais que não alcançaram o óvulo. Tal abordagem me faz concluir que se eu era aquele espermatozóide, nele já deveria estar minha alma, e que a cada nascimento é necessário que 679.999.999 almas venham a morrer. Suas palavras deixam isto bem claro! Não posso crer num Deus que envia 679.999.999 almas por pessoas para o inferno por mero capricho. A meu ver, o pregador expressou-se muito mal utilizando os argumentos supracitados.
Posso ser mais do que vencedor por outros motivos, mas não por este, eu não estava ali, não havia nem a unidade básica do ser, o zigoto, união do espermatozóide com o óvulo.
Mas não para por aí,..., se sou tão especial, para que sofrer? Essa é a teologia que estamos comendo diariamente. Deus não patrocina perdedores. Uma pena, pois a Bíblia diz que sim. Depois de uma noite inteira de pesca infrutífera Jesus ordenou aos futuros apóstolo para lançarem as redes onde havia determinado e para surpresa de todos. Grande pesca, mas a nova teologia afirma que Deus não patrocina perdedores.
E quanto a José no Egito. Lançado num fosso, vendido pelos próprios irmãos, escrava no Egito, preso por um ato que não cometeu. Parece-me um perdedor em potencial, mas Deus o tirou de lá e tornou-o segundo no comando do Egito. Contudo, o Deus pregado só patrocina vencedores. O que dizer de Paulo, que Deixou tudo para viver de nada? O que dizer de Davi, perseguido por seu senhor, tendo a própria vida em risco diariamente? O que dizer do temeroso Elias dentro da caverna?
Nenhum desses homens era alguma coisa antes de Deus tocar suas vidas. Quanto a nós. Gostamos dos gracejos, das lisonjas, da massagem no ego, de dizerem que somos melhores do que realmente somos. E ao aceitarmos este procedimento, negamos a Cristo e tudo pelo que ele lutou e sofreu para nos ensinar. E por fim, negamos seu chamado: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me”.
E ainda, mal nos alimentamos. Não ouvimos mais Sua voz, Seu chamado, Sua vontade. Não olhamos mais para Ele, olhamos para suas bênçãos. Não abrimos mais a palavras, pregamos psicoterapia, auto-ajuda, pensamento positivo, técnicas de sucesso empresarial, entre outras coisas. Pregamos tudo que seja positivo, mas não fazemos a associação daquilo que é negativo como tendo sido patrocinado por Deus.
Quando olhamos Moisés realizar a conquista da terra prometida, esquecemos de “Ai”, onde vários judeus tombaram com a permissão de Deus, por causa de uma única pessoa que havia transgredido seu mandamento. Antes, preferimos afirmar que Deus não patrocina fracassos. Penso que patrocina sim. Basta que o homem pense de si mais do que lhe convém, que não tenha respeito, nem temor pelo Santo dos Santos.
Temo pela nossa geração, tão próxima àquela que combateu contra “Ai” e caiu, por pecar e engrandecer-se diante de Deus.
Deus tenha piedade de nossa geração e providencie-nos o arrependimento necessário.
Divulguemos o que é bom, útil, e procedente de Deus, não dos homens!

Graça e Paz...
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