São por demais, interessantes a narração do diálogo entre Deus e Abraão, as conseqüências às cidades de Sodoma e Gomorra e a nossa salvação. Quando Deus estava a conversar com Abraão, Deus lhe contou que a iniqüidade das cidades, Sodoma e Gomorra, haviam se multiplicado e seu pecado agravado.
Um fato interessante a ser observado na nossa tradução é que Deus não diz que destruiria as cidades, disse apenas que desceria para “averiguar” se o que havia chegado ao seu conhecimento era verdadeiro.
O que assustou ou moveu o coração de Abraão a interceder pelas cidades de Sodoma e Gomorra, se até aquele presente momento Deus não havia dito que sentenciaria as cidades ao juízo divino devido suas iniqüidades?
Bem, duas coisas têm que ser levadas em consideração: - O conhecimento que Abraão possuía sobre Deus e a compreensão de Abraão sobre a visitação de Deus. Até os dias de Abraão, quando Deus descia a Terra e averiguava o mau proceder dos homens, ele os julgava. Ocorreu com Adão e Eva, com as pessoas na época de Noé e com as pessoas nos tempos da Torre de Babel. Quando se conhece Deus, somos tomados da plena certeza que Ele não compactua com o pecado, antes o abomina. Pode o Santo e Justo Senhor de toda a terra ver a injustiça e a impureza e compactuar com ela? De maneira alguma! Abraão conhecia o mau proceder das cidades de Sodoma e Gomorra, e conhecia o Deus de toda a criação. Tais conhecimentos aliados ao seu coração piedoso o moveram a interceder por seus moradores. Penso que Abraão entendia muito bem o caso. Tanto entendia que se chegou a Deus e disse: “Destruirás o justo com o ímpio?... Longe de ti o fazeres tal coisa, matares o justo com o ímpio, como se o justo fosse igual ao ímpio; longe de ti. Não fará justiça o Juiz de toda a terra?”. Abraão conhecia Deus e seu reto proceder por isso apelou para sua justiça e misericórdia. A justiça divina é perfeita! Nada pode ser comparado ao que temos ou presenciamos em nossos dias. Deus nos leva a compreender, em parte, a sua justiça quando lemos o pronunciamento de Deus contra Sodoma e Gomorra e sua misericórdia durante seu proceder perante as cidades. Sob este ponto de vista, Abraão prefigura Cristo em seu discurso quanto à salvação dos habitantes de Sodoma e Gomorra.
Da cidade salvaram todos os justos que haviam. A Bíblia cita o justo Ló e suas duas filhas. Por não compactuar com o pecado Deus decretou a destruição das cidades, não dos justos! A Justiça divina tinha que ser executada juntamente com sua misericórdia. Paulo atesta que em seus dias, assim como nos nossos dias, não havia nenhum justo sequer, todos estávamos destituídos da glória de Deus. Mas o que fazer? Se não há nenhum justo, quem se salvaria? Ninguém!
De fato, ninguém se salvaria, mas a misericórdia e a justiça divina andam lado a lado. Através da misericórdia divina, Deus, em Jesus Cristo, justifica todo aquele que O aceita como seu Senhor e Salvador. De modo que não somos justos, mas sim, justificados. Uma vez a misericórdia divina tendo sido aplicada, sua justiça também deve ser. Não há separação! E com a justiça vem o julgamento sobre todos, “porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo”.
Aceitar o ato misericordioso de Deus em Cristo nos salva da morte eterna. Contudo este ato de misericórdia, assim como foi nos tempos de Abraão não impedirá o juízo de chegar a cidade. Ele virá, mas um grupo seleto encontrará justificação, aqueles que aceitaram a misericórdia de Deus sobre suas vidas. A misericórdia de Deus não O impediu de julgar o pecado dos “não justos”, contudo a misericórdia resguardou os justos do juízo divino sobre Sodoma e Gomorra. Tanto mais o sangue do cordeiro que nos justifica, livra da ira divina, reconcilia e torna-nos filhos adotivos nos fará. Mas em hipótese alguma o sangue de Cristo impedirá que o juízo de Deus seja executado sobre aqueles que não foram justificados em seu nome, tal qual aconteceu aos habitantes de Sodoma e Gomorra. Como foi com Sodoma e Gomorra, assim também é nos dias atuais. Somente há uma saída, uma salvação para os habitantes dela, serem considerados justos pelo grande juiz. Somente há uma saída para nós, sermos justificados em Cristo.
Naquela época foram salvos todos os justos e o juízo decretado foi executado. Em nossos dias todos os justificados serão salvos e o juízo decretado será, da mesma forma, executado sem misericórdia, "porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia". Mas para todo aquele que aceitou a misericórdia divina, confessou seus pecados, foi banhado no sangue do cordeiro, justificado, remido e reconciliado com Deus através de Cristo, verá que "a misericórdia triunfa sobre o juízo". Portanto, estejamos certos e examinemo-nos se andamos segundo a verdade de Deus em amor uns para com os outros.
Se o justo Ló não obedecesse a Deus e saísse da cidade teria ele sido salvo? E nós, seremos salvos se confessarmos a Cristo com os lábios, mas não houver mudança de atitude em nossas vidas?
Nosso velho homem não deseja sair de Sodoma e Gomorra! Ele não deseja se apartar de tudo o que sempre cultivou, o seu desejo próprio, a eterna satisfação do "Eu". O velho homem deseja ficar na cidade mesmo que isto o leve a perecer nela.
Quem nós ouviremos? Ouçamos a voz divina e fujamos da cidade em quanto há tempo...
Dê um passo de cada vez para fora de Sodoma, mas continue caminhando! Não pare! Não desista! Esmere-se pela salvação, pois desde os tempos dos profetas o reino de Deus é tomado por esforço!
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