sexta-feira, outubro 5

Os Desafios do Líder/Pastor Urbano no Sec XXI

Com o crescente aumento da urbanização, os municípios ultrapassam seus limites por causa do crescimento e encontra-se com municípios vizinhos. As cidades transformam-se em metrópoles, os avanços tecnológicos geram novas futilidades e necessidades, e o homem acaba sendo sugestionado ou conduzido a linhas de consumo, de pensamento, de críticas ou de ideologias, que não passam do reflexo espelhado de sua interação com a sociedade em que vive. Nesta ótica, o pastor e o líder cristão devem interagir com toda a sociedade na qual vivem. Devem entendê-la sem tornarem-se meros peões dela, sem capacidade de modificá-la pela compreensão das coisas que lhe cercam.
O líder cristão preocupado com o discipulado e com a compreensão das escrituras (professor/mestre) perante a sociedade que lhe cerca, é um dos primeiros a sentir a necessidade de compreender o meio em que vive, para assim interagir com as verdades universais expressas na Bíblia, as quais, se forem passadas sem a interação e contextualização com o cenário que cerca os ouvintes, não passará de história antiga, nem chegará a ser reflexiva, uma vez que não produzirá no discente, a identificação dos mesmos problemas em sua sociedade, na sua comunidade, e porque não dizer, no meio em que vive, deixando assim de contestar suas ações e o meio em que vive.
Um dos maiores desafios de um professor/mestre de ensino religioso, seja ele um professor de uma igreja local ou um professor de seminário, é retirar o aluno da estagnação de ser somente um poço onde os professores despejam pilhas de conhecimento, para tornar-se um pensador capaz de ir de encontro ao sem tempo.
No mundo urbanizado, a verdade tende a ser impregnada com minúsculas mentiras, imperceptíveis e até por que não dizer “mentirinhas inocentes”, que nada podem fazer de mal. Temos todos os meios necessários para que isso ocorra! Rápida propagação da mensagem (rádio, televisão, telefone, conversas informais, cartas, emails, site, blogger, jornal, cinema, CD, DVD e qualquer outro veículo propulsor de mídia), pessoas extremamente necessitadas (frutos da maldade humana expressa por um capitalismo exclusivista e individualista), e ainda, a ambição e o egocentrismo do homem que colaboram para o sensacionalismo barato que busca exaltar a denominação e o homem retirando toda a glória de único e verdadeiro Deus, fazendo da igreja, em alguns casos, uma casa de reparos (onde as pessoas só entram quando estão quebradas), uma financiadora (onde é possível trocar dinheiro por qualquer tipo de necessidade) e às vezes, uma casa de quarentena (onde aqueles que “acham” que não estão contaminados como a sociedade em que vivem se refugiam, apenas e unicamente se refugiam).
Seja lá o que for. Uma verdade absoluta ou uma mentira bem disfarçada, ambas necessitam e merecem ser testadas e provadas por meio de provas inquestionáveis, mesmo quando tais provas somente se obtêm por meio da fé. Os cristãos de Beréia eram assim, pensadores em seu próprio tempo, incapazes de serem guiados por quaisquer ventos de doutrina.
Nenhum professor que se preze busca formar um aluno, nem ao menos formar um professor deve ser sua meta. Ele deve formar um pensador, capaz de discernir o seu próprio tempo, as necessidades de sua comunidade, os perigos que a rodam, as falsas doutrinas que tentam entrar em suas veredas, combatendo-as com as armas mais simples e menos usadas do ser humano, a capacidade de pensar e interagir, de questionar e tomar decisões. A mesma natureza que permitiu o homem escolher o mal ao invés do bem (o livre arbítrio), é o mesmo mecanismo capaz de sob a ação do Espírito Santo, questionar tudo o quanto se diz ser verdade, aplicando um processo de refino sob elas, de modo que, somente a pura verdade, a verdade absoluta passe, ficando retidas no processo todas as impurezas, as quais vêem se agregando a ano, permitindo distorções no nosso modo de ser igreja, tornando doutrinas calvinistas como se arminianas fossem, tornando-nos, Israel de Deus ao invés de Igreja de Deus (Gl 6.16, 1ª Co 10.32), fazendo-nos esquecer que pregar a palavra é levar o conhecimento da revelação da vontade de Deus em Cristo Jesus de acordo com as escrituras e não um simples testemunho de libertação de um vício, tornando-nos espectadores do mundo ao invés de inconformados, tornando-nos consumidores de bens e prosperidades terrenas em detrimento das espirituais, fazendo-nos buscar as coisas terrenas ao invés do reino prometido, fazendo-nos ler menos a Bíblia e prestar mais nossos ouvidos a homens inescrupulosos e sem temor de Deus.
Não sei se posso considerar isto como sendo um chamado de Deus, mas é contra estas coisas que meu coração arde, contra toda nossa falta de cuidado com a palavra de Deus, falta de zelo, falta de temor e reverência a Ele.
Se ao menos tivéssemos a exata noção que nem ao menos de pé estamos, talvez, entendêssemos que devemos tudo a ele e que a menor distorção na leitura bíblia pode fazer o homem crer que ele está de pé por si e enquanto vigiar, ou seja, agir em sua própria forma não se contaminando ele estará se salvando, quando não é isso que está escrito, justamente para que o homem não chegue nesta conclusão absurda. 1ª Co 10.12 é tão claro que não nos deixa mentir: “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia”. Somos Homens, todos nós, capazes de produzir o mal intentando o bem. O mero esquecimento da palavra “pensa” pode mudar toda a interpretação da mensagem, e é contra isso que devemos lutar, contra as pequenas concessões. Contra as coisas que, aparentemente, não são empecilhos ao evangelho mas que futuramente podem gerar idéias distorcidas a cerca dele e por fim afastar o homem do caminho ao qual se predispôs a alcançar, não por ter desistido, mas porque sem perceber deixou de ser grato pela graça. Quanto a nós, de teologia arminio-wesleyana devemos ter o cuidado de não encarecer demais a graça, ao contrário da tendência calvinista que é barateá-la ao extremo. Penso que o desafio do educador cristão do século XXI é tornar-nos todos “bereanos”, para não somente entender as escrituras, mas também, entender que os males que hoje se levantam não são nada mais, nada menos do que os mesmos males tão bem combatidos pelos pais da igreja ao longo dos séculos e que hoje retornam com nova roupagem, como é o caso da teologia da prosperidade, do pensamento positivo e da teologia humanística.

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