“Vós, porém, amados, lembrai-vos das palavras anteriormente proferidas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo, os quais vos diziam: No último tempo, haverá escarnecedores, andando segundo as suas ímpias paixões. São estes os que promovem divisões, sensuais, que não têm o Espírito”.
(Jd 1.17-19)
Por fim, perto do derradeiro final da carta, Judas traz de volta, nas palavras dos Apóstolos, sua preocupação: Aquilo que haveria de ocorrer no último tempo.
É verdade que Judas já tratou este tema em sua carta, mas sentiu por necessidade deixar o mais claro possível a todos os seus leitores.
Pois bem, em nossos dias, grande parte daquilo que chamam de evangelho cheira a peixe podre. Definitivamente, não é saudável!
Em grande parte, porque uma parcela da Igreja começou a escarnecer da palavra, a zombar de Deus, desfigurando Sua palavra e apropriando-se de versículos isolados para pregar suas ímpias paixões. Quantos já não chamam o mal por bem?
É costumeiro se pregar acerca de prosperidade, sucesso, sorte, riquezas e status, mas o que isto tem a ver com as escrituras?
Em alguns lugares, a igreja virou um verdadeiro balcão de reclamações, no melhor estilo do PROCON, as pessoas são convidadas a reclamar com Deus dos desígnios que suas vidas tomaram por causa de suas próprias ações e, em seguida, determinar que Deus mude a realidade na qual vivem! Dentro deste panorama, ainda há gente que diz: “...e ai dEle se não fizer o que estou mandando”.
Qualquer ser que seja extremamente poderoso para alterar a realidade e esteja a nosso comando se assemelhará mais a um gênio da lâmpada(uma entidade demoníaca) do que ao próprio Deus da Bíblia.
Quantas pregações tem por foco o arrependimento e este não sendo sensacionalista?
Quantas pregações têm por foco a mudança de vida no sentido mais puro do cristianismo?
Quantas pregações nos ensinam a buscar por uma vida em santidade ou falam acerca do breve retorno de Cristo e do arrebatamento dos santos?
Procure na Bíblia! Questione-se! Qual era o foco da pregação dos apóstolos?
Eles não pregavam exaustivas horas a fim de curar uma hérnia, ensinar como alterar a própria realidade através do pensamento positivo, nem tão pouco, instruíam alguém a acumular riquezas ou investir na bolsa de valores.
O povo daquela época tinha motivo de sobra para ter graves problemas de baixa-estima, pois eram desprezados, humilhados e perseguidos, pela família e pela sociedade, por serem cristãos. Ao contrário do que nossa sociedade prega, estimula-los com altas doses de alta-estima, aqueles cristãos eram orientados a não pensarem se si mesmos mais do que lhes convinha pensar.
O foco da pregação era Cristo e seu Reino vindouro. Hoje, o foco é o homem e seus problemas contemporâneos.
Ora, se não estamos mais pregando o que os apóstolos pregaram, quantos estão esperando a mesma promessa que foi dada aos apóstolos?
Se não estamos mais pregando o que nossos antepassados pregaram, estaríamos vivendo o que eles viveram? Somos tão tementes quanto eles foram ao abdicarem da própria vida em prol de Cristo? O que há do cristianismo original, que moveu cada um deles a viver suas vidas em prol do evangelho, em nós, se estamos mais interessados em auto-ajuda do que da ajuda do alto?
Talvez a resposta a esta pergunta seja tão enigmática ou indesejável quanto a resposta que nunca nos foi dita por ocasião da pergunta: “...Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?”
Que possamos mover todo nosso ser a buscar o cristianismo da forma como nos foi proposto e não segundo a pregação oriunda do último tempo.
Este texto está licenciado sob uma Licença Creative Commons.
Postado por Ricardo Inacio Dondoni
0 comentários:
Postar um comentário