
“...dos filhos de Issacar, conhecedores da época, para saberem o que Israel devia fazer...” (1º Cr 12.32)
“...Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca...” (Ap 3.14-16)
Nada em nossas vidas deveriam ressoar, tilintar, reverberar, aturdir e chacoalhar nossos dias como as palavras contidas nos versículos acima.
Em sua própria época, os filhos de Issacar tornaram-se célebres por serem capazes de discenir o sinal dos tempos e guiar Israel pelo caminho correto. Esta alcunha era única dos filhos de Issacar, nenhuma das demais tribos foi nomeada por esta qualidade. Eles perfaziam o último baluarte da retidão, numa época de grandes dificuldades, conforme a leitura do Livro de Crônicas pode relatar.
Nossos dias não são tão diferentes assim!
Deus continua sendo o mesmo ontem, hoje e sempre!
Levando em consideração uma interpretação literal das escrituras, ..., estando as portas do arrebatamento, ..., a igreja aparenta estar perdendo seu propósito e impulso. Aquilo que era marca maior na cristandade do primeiro século, “o amor que eles tinham uns pelos outros”, nestes dias apresenta sinais de desaquecimento acelerado.
Nos dias da Igreja primitiva, aquele pequeno ajuntamento de pessoas conhecido pelo nome de Igreja Cristã, pela ação do Espírito Santo, transformava a própria sociedade perpetrando os valores cristãos no seio da sociedade.
Em passo acelerado, os valores absolutos substituíam os valores relativos, mas atualmente o que é relativo toma o lugar daquilo que é absoluto. Mais vemos a sociedade alterando a forma como a Igreja deve pensar e agir, do que o inverso, a forma como agia outrora, quando a Igreja era considerada fonte primaz dos valores morais e éticos.
Enquanto a Igreja estava quente, no princípio da era cristã, a sociedade era aquecida por ela.
No entanto, hoje, ao olhar para sociedade, verifica-se um acentuado e crescente amor próprio, uma preocupação exacerbada com o eu e o meu e, ainda, a inexistência do amor pelo próximo.
Em Brasília, um desentendimento entre colegas é o suficiente para formar um linchamento de 10 contra uma.
No interior de São Paulo, um elogio de um professor a uma aluna de 13 anos faz com que a mesma seja agredida na saída da Escola por ter se destacado positivamente em classe.
O Calor proveniente do corpo da Igreja deveria aquecer a sociedade. O contato direto do corpo de Cristo com a sociedade vigente fria e calculista está retirando o calor do corpo. O que deveria alterar a sociedade está sendo alterado por ela.
Seria este o princípio do cumprimento de Ap 3.14-16? A impulsão e o ímpeto da vontade cristã esmorecendo bem quando mais se precisa dela.
Não é a luz do meio-dia que precisamos de lâmpadas acessas. Neste horário ela pouco faz perante a luz maior proveniente do astro rei, o Sol.
Deveras, quando chega a hora mais escura da noite, quando já estamos cegos suficiente para não discernir o caminho a trilhar, a menor e a mais pequenina vela é capaz de quebrar a mais densa escuridão.
A semelhança de Israel, na figura dos filhos de Issacar, nós também somos convidados a sermos conhecedores dos tempos e épocas, a fim de discenir nosso próprio tempo e sermos luzes perante a hora mais densa que se avizinha.
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Postado por Ricardo Inacio Dondoni