Toda a história bíblica é tecida formando uma trama perfeita do início ao fim. No entanto, nossa própria imperfeição nos torna incapazes de enxergar a preciosidade que temos em mãos.
Geralmente, não conectamos as partes e não analisamos sua importância para o todo. A atual sociedade cristã busca e vive a vida cristã na base de versículos sortidos, sendo que em sua grande maioria perfazem um conjunto de auto-ajuda espiritual que nada tem a ver com o sentido original para o qual foram escritos.
Ler a carta de judas é contemplar um desafiador cenário exposto por seu autor, alinhavando os acontecimentos do passado com o presente, vislumbrando as consequências futurísticas das decisões tomadas hoje.
Depois de expor o caminho de Caim, a epístola traz à memória o erro de Balaão. E quem de nós pode afirmar desconhecê-lo?
Balaão era reconhecido como um grande profeta em seu tempo. Não pertencia a Israel, mas, tinha por Deus, o Deus de Israel.
A eficácia de suas palavras eram reconhecidas pelos povos locais: Era o homem que segundo o parecer divino podia abençoar ou amaldiçoar as pessoas.
Balaão se deixa seduzir pelo dinheiro, pelos bens e riquezas amaldiçoando o povo a quem Deus predisse a benção.
Num breve resumo, Balaão seduzido e corrompido pelo dinheiro usou de seu conhecimento para trazer ao arraial praga e juízo a Israel. Não porque Balaão odiava a Israel, mas sim porque amava o dinheiro. Pelo dinheiro, ele trocou tudo o que tinha e acabou por perecer tragicamente.
Relembrando que Judas não almejava escrever nada do que está escrito nesta epístola, antes, segundo suas próprias palavras, foi obrigado a fazê-lo, talvez, porque a vida cristã de seus contemporâneos denotava apego maior com as coisas físicas (bens, riquezas e status social) do que com as coisas espirituais, semelhante a nossa própria geração.
Balaão tornou-se um profeta do erro, que conhecendo a verdade e a ordem divina, optou por negligenciá-la e trocá-la por seus próprios interesses.
A questão era tão simples! Como Balaão pôde errar tão grotescamente? Ora, de um lado temos Deus falando acerca de Israel: “Benditos os que te abençoarem e malditos os que te amaldiçoarem” e do outro Balaque afirmando que lhe pagaria muito bem se amaldiçoasse Israel.
De um lado um Deus onipresente, onipotente e onisciente. Do outro lado, um ser humano falível.
Somente um louco iria aceitar a oferta feita por Balaque!
Balaão trocou todas as bem aventuranças eternas pelas temporais.
A oferta de Balaque continua de pé em nossos dias e muitos se deixam seduzir pelas ofertas de lucro, riquezas e status, fazendo uma interpretação pessoal das escrituras, distorcendo a palavra de Deus ao ponto de viver pelo dinheiro, para ter dinheiro, acumulando-o como se o dinheiro fosse a solução para todos os problemas da sociedade vigente.
Sem compreender a própria atitude, acabam por louvar ao dinheiro e a dar-lhe status de um deus capaz de governar vidas. Com isso, dão onipotência ao dinheiro para resolver todos os problemas de suas vidas.
Balaão confiou na oferta escassa e temporária de um homem que não podia cumprir com sua própria palavra se Deus assim não lhe permitisse. Acabou seus dias buscando riquezas e não ao Deus vivo.
Certamente, quem lê há de concordar com as escrituras: - Temos que nos contentar com o nosso soldo (Lc 3.14) e a todo instante não colocarmos nossa confiança no dinheiro, muito menos tecer um profundo amor por ele (1ª Tm 6.10), afinal de contas recebemos na justa medida (Mt 6.33).
Infelizmente, assim como Balaão, alguns nunca foram apresentados ao verdadeiro evangelho e tecem caminhos sinuosos em prol de riquezas, bens e status, crendo que o cristianismo resume-se a busca pela satisfação pessoal ao invés da salvação de nossas almas.
Este texto está licenciado sob uma Licença Creative Commons.
Postado por Ricardo Inacio Dondoni
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