quarta-feira, janeiro 27

Judas 5

“Quero, pois, lembrar-vos, embora já estejais cientes de tudo uma vez por todas, que o Senhor, tendo libertado um povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu, depois, os que não creram;”

Em poucas palavras, Judas procura demonstrar com exatidão o perigo real e imediato que rondava a sua própria geração, quiçá a nossa.

Judas não só identifica, como também desmascara seus ouvintes: falsos cristãos que corrompiam o rebanho e os fracos na fé que se deixavam corromper. Era impossível ser mais direto! As palavras de Judas colocavam em evidência os homens e as mulheres aos quais escrevia.

Supostos cristãos, que participavam do corpo da Igreja, mas que de maneira alguma deveriam ser considerados como parte integrante do corpo.

Estes, intitulados por Judas, conheciam as escrituras e sabiam tanto o que deveriam fazer, quanto o modo como era esperado que se portassem, no entanto, conhecer as escrituras não é o mesmo que viver de acordo com elas.

A carta chama à atenção uma parcela da Igreja que tendo sido chamada do império das trevas para habitarem o Reino de Deus, continuavam nos velhos hábitos, práticas e vícios, sem se importar com seus atos. Aliás, seus atos estavam corrompendo e destruindo o rebanho, bem como, as escrituras como elas tinham sido entregues. De fato, conhecemos os intitulados acima pelo modo como são designados em nossos dias: ‘Cristãos Nominais’! Participam do corpo sem nunca terem experimentado o fardo e o jugo de Cristo.

A comparação usada por Judas esclarece os fatos!

Naquela época, mesmo tendo Deus provido o resgate, no intuito de salvar todo povo escolhido, alguns demonstraram, ao longo do caminho, que não ansiavam pela salvação.

Grande parcela murmurava, afirmando que sua situação atual, no deserto com Deus, era pior do que a vivenciada na casa da servidão, como se a intervenção divina só tivesse piorado as coisas.

Nossa geração cai no mesmo erro apontado por Judas no quinto versículo de sua curtíssima epístola.

A situação calamitosa na qual a Igreja estava mergulhando só intensificou a ação do Espírito ao dar vida, nas letras de Judas, irmão de Tiago, seu ultimato contra a degradação da fidelidade bíblica, coisa que já havia sido mencionado inclusive pelo apóstolo Paulo em 1ª Co 10.1-6.

Judas estava nos alertando que entre os verdadeiros cristãos, existem aqueles que tem forma de cristão mas não tem conteúdo. Aproveitam-se de oportunidades e elevam-se acima dos demais para satisfazer seus propósitos egoístas, assim como nos tempos do sacerdote Eli, o qual possuía dois filhos que eram sacerdotes, mas a respeito deles está escrito: “Eram os filhos de Eli filhos de Belial [=inúteis] e não se importavam com o Senhor” (1ª Sm 2.12).

Ter forma sem ter conteúdo foi uma das grandes preocupações de Judas e deveria ser a nossa também. Não basta aparentar estar salvo, é importante que verdadeiramente estejamos!

Aliás, parecer ser discípulo nunca salvou ninguém e nem o tornou aceitável aos olhos de Cristo. Um bom exemplo disso, encontra-se em em Atos, quando sete jovens tentam adquirir status as custas de Jesus e Paulo (At 19.15). O resultado não é nada animador para aqueles que pensam que podem usufruir do evangelho em causa própria. Sob estes, desde já, pesa a mão de Deus, sendo sabedores que terão que comparecer diante do justo juiz para serem julgados pelo bem e pelo mal que fizeram por intermédio da carne.

Devemos nos precaver! Uma Igreja com forma mas sem conteúdo sempre caminhará para a destruição. Estes estão enquadrados:

  • na advertência à Igreja de Esmirna: “... a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás” (Ap 2.9)
  • nas palavras de Jesus: “A [semente] que caiu sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria; estes não tem raiz, creem apenas por algum tempo e, na hora da provação, se desviam” (Lc 8.13)
  • nas palavras de Cristo à Igreja de Sardes: “...Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto” (Ap 3.1)

Todos os relatos demonstram o perigo da delinquência do indivíduo e do afastamento do temor do Senhor.

Judas nos lembra, embora todos já estejamos cientes, que a espiral descendente do pecado é, basicamente, a mesma: falta de fé, abandono da santidade, imoralidade e perdição.


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Este texto está licenciado sob uma Licença Creative Commons.

Postado por Ricardo Inacio Dondoni

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