quinta-feira, março 29

Nós e nossos conceitos modernos...

Acredito que para expor nossa profunda falha em interpretar o reino de Deus, não haja necessidade de retornarmos a linha do tempo para explicar que a linha adotada, atualmente, nem de longe segue padrões cristãos, mas sim, tendências filosóficas mundiais. Mas analisar a linha temporal é no mínimo interessante.
Na época do império grego, o grande valor culturalmente aceito era a virtude da temperança, do equilíbrio. Deveria existir harmonia entre as "forças" opostas do bem e do mal. Logo o bem era praticado em função do próprio bem, porque ele deveria existir.
No período medieval, a ética e a religião se mesclaram a ponto de confundir e tornarem-se una. Essa união gerou suas repercussões. Por exemplo, o fim último deixou de ser o bem. Com a entrada dos conceitos religiosos, o conhecimento do pecado e da maldade do homem. O bem não estava mais no homem e sim em Deus. Logo o único bem que o homem poderia realizar era servir a Deus, que é o único verdadeiramente bom.
Durante muito tempo a igreja andou lado a lado com os grandes pensadores, ora discordando, ora concordando. Absorveu e combateu muitos conceitos de Hegel, Marx, Schelling, Kierkegaard.
Mas parece que os grandes pensadores, os filósofos, teólogos, mestres, bispos e pastores não estavam preparados para a pior união que a igreja iria realizar/participar: A união com o capitalismo, onde a conduta humana é condicionada a resultados, bom funcionamento e lucros, exatamente o que chamamos de utilitarismo, só permanece o que esta sendo demonstrado como eficaz.
Neste sistema comercial, não existem perguntas filosóficas, tipo: isto é certo ou errado? A pergunta foi completamente alterada e distorcida.
Neste capitalismo democrático que é tido como o pior dos quatro governos humanos de acordo com a visão de Daniel, só há espaço para uma pergunta: Isto dá certo?
O evangelho foi deixado de lado por ser duro demais com as pessoas, por não atrair massas, por afastar a maioria das pessoas da igreja.
No seu lugar, realizamos campanhas para ungir o dedão do pé, prometemos prosperidades sem fim, riquezas e luxos nesta vida, afinal, porque esperar o reino de Deus, em sua plenitude, se este já se faz presente em nós?
Não pregamos a mensagem de Cristo.
Não realizamos explicações sobre passagens Bíblicas.
Anunciamos o evangelho como se fosse uma coletânea de biscoitos da sorte chineses, pois vivemos saltando de um livro para o outro, pregando mensagens temáticas, o que leva a ovelha a fazer o mesmo, pois a ovelha ouve a voz do pastor e o segue... Dessa forma, ela nunca se aprofunda numa refeição, afinal de contas, somos como crianças, quando se acha um pote de biscoitos, não sobra muito espaço para o arroz e feijão. E pior, se lhe for feito um prato especial, pode-se correr o risco de criar a maior indigestão que este já teve. A falta de costume em saborear um prato apimentado ou temperado pode facilmente gerar uma repulsa pelo alimento sólido.
Percebe a contramão do evangelho?
Perdemos a noção de discípulo e de discipulado. Neste sistema comercial tipo fastfood, tudo é para ontem. Entregamos um péssimo alimento, mas o entregamos, pois ninguém esta preocupado com alimentação saudável, muito menos quem a compra. Compramos com os olhos e com todos os demais sentidos para satisfazer nossos desejos (concuspiciência) mais mesquinhos.
Se ninguém resolver vender unicamente alimento sadio, continuaremos a envenenarmo-nos consciente e/ou inconscientemente para nosso profundo pesar.
Enquanto as igrejas primam pelo crescimento visual (pessoas sentadas nos bancos para os cultos) o crescimento espiritual (conhecimento, aprofundamento e intimidade com Deus) vem sendo deixado de lado por cada um de nós. E aí? Será que a pergunta certa realmente é 'dá certo'?
Se nos basearmos nela, em pouco tempo as igrejas estarão vazias de cristãos verdadeiros e salvos, para enchermos as igrejas com uma platéia que não se preocupa com Deus, pecado e arrependimento. Este procuram apenas entretenimento para mais um final de semana, após uma jornada de trabalhos exaustivos semanais. O melhor é perguntarmos: Aos olhos de Deus, estamos agindo de forma correta?

domingo, março 18

Big Brother ou Big Gospel?

Começo este texto pelas palavras de Gedeon Alencar, conforme ele descreve em seu livro, protestantismo tupiniquim!



"Uma sugestão (apenas uma sugestão): que tal um Big Brother Gospel? Convenhamos, nada mais gospel do que o brother, e nada mais brother do que o gospel; é a fome com a vontade de comer। Como diria o sábio artista Alexandre Frota: 'Brother, seria uma parada maneira!' O critério da seleção não seria a vulgaridade do bíceps, e nádegas, mas, digamos, algo mais teológico: um calvinista, um arminianista, um pentecostal, um tradicional, um renovado, um unicista, um trinitarista, um ecumênico, um gedozista. Seria uma boa oportunidade de sabermos, afinal, quem são os Big e os Chart Brother. Realmente. Marketeiros a postos, patrocinadores é que não faltam: Óleo sagrado, sal grosso santificado, rosa ungida. E as competições? Prefiro não falar, mas tenho diversas em mente. Daria um audiência".



Gedeon é um filósofo, seu trabalho é nos levar a reflexão. Ele não tem interesse em nos fornecer uma resposta ao problema levantado, a resposta sempre fica por nossa conta. Mas Gedeon não vê nossa resposta como um ponto final a questão levantada, antes, nossa resposta o motiva a levantar mais questionamentos. Esse é o seu trabalho, seu lazer e sua diversão. Reflexão sobre reflexão.
Todos nós sabemos que programas deste tipo não fazem nada mais do que demonstrar o quão somos capazes de sermos maus। Já dizia uma velha letra musical, "...ninguém vai resistir seu usar os meus poderes para o mal".



Será que existe algo louvável em programas estilo Big Brother? A não ser para nos lembrar que o homem natural se corrompe pelos seus próprios desejos, afinal, somos todos tentados naquilo que cobiçamos।



Ora, se estes programas nos ajudam a identificar a natureza caída a qual devemos combater, que faremos, então? Veremos tais programas para identificarmos estas naturezas as quais devemos repudiar? De maneira alguma!



Quantos de nós já não exclamamos como Paulo: "...antes não houvesse conhecido o pecado..."



Assistir a esses programas só aguça o desejo e a propensão natural do homem pecar।



Não importa se é o big brother ou qualquer big gospel...



Imagina se a cena levantada pelo Gedeon Alencar se confirmasse! Pecaríamos intensamente, menosprezando uns aos outros, criando separações e divisões, como já viemos fazendo ao longo dos anos। Isto somente intensificaria nossa propensão natural em crermos ser melhores que nossos irmãos em Cristo.



Ao invés de levarmos o evangelho ao necessitado, estaríamos nos dividindo e degladiando-se uns com os outros...



Nenhum programa, que preze pelo erro, difamação e por elevar nossas más qualidades perante as demais pessoas pode ser visto como benéfico “... não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes..."



Ao assistir a tais programas, assimilamos seus conceitos, inconscientemente, tornando-nos pessoas não só conformadas com o mundo, mas também, amigas dele propagando sua falsa mensagem ao nossos ouvintes mais fiéis, nossos corações, ao invés do evangelho puro e simples o qual lhe deveríamos estar ministrando continuamente।



Não se engane! Examinemo-nos a nós mesmos se estamos firmes na fé ou se alguma raiz de amargura vem sendo plantada em nossos corações. Fujamos da aparência do mal, cada um de nós, se não por nós, que seja, então, pelos nossos corações.

domingo, março 11

Os Dois Caminhos

Segue mais uma reflexão de Gedeon Alencar. "Um quadro muito antigo, denominado de 'Dois Caminhos', talvez a única representação artística da época, e mesmo assim, rejeitada por muitas igrejas, é o bom exemplo da adequação cultural do neopentecostalismo.
No caminho largo - o caminho da perdição -, está o cinema, o teatro, o cassino, as festas, pessoas (muitas) bem vestidas com chapéus, luvas, casacos, cartolas, guarda-chuvas, etc. Muitos enfeites. No jargão evangélico: muita vaidade. Muito espaço. Repetindo, o caminho é largo. Uma grande porta de entrada com uma faixa de Bem-Vindo. No prédio do teatro tem uma frase: 'Profanação de domingo', uma das grandes ênfases da teologia em décadas passadas.
No outro lado, no caminho estreito - o caminho da salvação -, templos, casas de oração, tendas, pessoas (poucas) vestidas sem ostentação, com muita simplicidade, nenhum sinal de festas ou 'coisas mundanas'. Nem precisa dizer que não há nenhum cinema, teatro ou jogo, do lado de cá. Ao lado e todos os prédio, episódios e atitudes existem versículos bíblicos para 'fundamentar' a aprovação (caminho estreito), ou condenação (caminho largo), dos mesmos.
Por mera especulação, como seria atualmente o quadro 'os dois caminhos' em sua versão gospel?
O cinema, o teatro, a dança, as belas roupas, as festas, os muitos enfeites, todos mudaram de lado, estão (também) no 'caminho estreito'. Aliás, agora, por causa da multidão que aderiu, tiveram que 'alargar' a estrada para caber tanta gente... De forma iconográfica, sejamos sinceros, não dá para retratar atualmente o caminho largo e o estreito.
Não há, pelo menos na estética, nenhuma diferença. Ressalva seja feita: o cassino não mudou de lado. Ainda."Gedeon Alencar

Infelizmente sou obrigado a inserir um adendo que Gedeon deixou escapar. No caminho curto já encontramos os cassinos, as casas de Show, danceterias, as baladas, as mandingas, os trabalhos, patuá e até pato 'b'. O que mudou de lado? As pessoas ou as coisas? Esta é obrigatoriamente uma pergunta de reflexão.
Se for apenas uma questão de coisas, talvez, não haja nada que abale verdadeiramente o evangelho. Contudo, se foram as pessoas, então temos motivos de sobra para nos preocuparmos, pois deixamos nossas mentes conformarem-se de tal modo com este mundo que estamos seguindo na contramão do evangelho.Para o bem ou para o mal, esta é uma verdade com nuances de cinza.
Não há como separarmos o certo do errado com facilidade, como se fossem cores distintas como o preto e o branco. Dizer que tudo o que tem entrado pela igreja a corrompe é uma atitude tão extremista quanto aceitar tudo o quanto tem sido chamado de evangelho de Cristo.
Tudo o que nos cerca pode ser definido entre três características específicas: Moral, Amoral e Imoral.
Das imorais, abstenhamo-nos com urgência, por nós, pelo evangelho e pelas pessoas que nos cercam.
Das amorais, questionemo-as pois podem nos ser lícitas mas pode, muito bem, não nos convir.
Quanto as morais, tenhamos em mente o padrão de Deus quanto a moralidade para que não venhamos a cair no risco de considerar moral algo que não é.
Esta pequena dsitinção nos ajudará a caminhar nestes dias de subjetividade excessiva...
A Deus toda a glória...

domingo, março 4

A Primeira e a Segunda

Há pouco tempo estive no Rio de Janeiro, aproveitando minhas férias, seja lá o que for que eu mesmo entenda por aproveitar as férias...
Aproveitei o período para descansar, estudar, ler, meditar, refletir, visitar os amigos, rever os parentes, auxiliar quem precisava, as vezes, simplesmente prestar os ouvidos a quem os quisesse utilizar. Entre todas estas atividades encontrei algumas brechas e criei outras para visitar as igrejas do Rio de Janeiro em buscar do evangelho Cristocêntrico. Confesso que iniciei a procura, atordoado, incrédulo e completamente questionador, mas Deus em sua infinita sabedoria quebra preconceitos e sofismas todos os dias com as mais diversas pessoas da nossa sociedade, por que não faria comigo também?
Visitei a catedral de uma igreja num bairro de elite social, classe média alta para cima, e no mesmo dia visitei outra igreja no extremo oposto do estado, onde temos como freqüentadores, pessoas simples como eu e você.
Na primeira igreja encontrei somente hinos de louvor e reverência a Deus; Na segunda, encontrei músicas que nos colocam acima de Deus, o tornam nosso empregado a ponto dos pensamentos de Deus se ajustarem aos nossos;
Na primeira igreja encontrei a leitura da profissão de fé, lembrando aos irmãos presentes do que eles faziam parte; Na segunda, encontramos um apelo a compra de exemplares de um livro com o título "a psiquiatria de Jesus", para auxiliar um missionário. Nota pessoal: Será que Jesus sabia que ele não era Deus e salvador dos pecadores, mas sim um psicólogo?;
Na primeira, não encontrei nenhuma forma de apelo ao dinheiro, na questão dos dízimos e ofertas; Na segunda, foi tão breve que nem me recordo;
Na primeira, encontrei uma mensagem cristocêntrica que falou diretamente a minha alma; Na segunda, a mensagem falava do próprio Cristo, mas limitava-se as questões físicas;
Na primeira foi pregado o evangelho de forma simples e suave de modo que sem apelação a recursos plenamente humanos (alternância de tom, impressionismo, sentimentalização) o evangelho foi pregado; Na segunda, todos os recursos que o pregador possuía foram usados, mas a mensagem não me alcançou a alma;

Na primeira, da simplicidade da palavra o pregador extraiu verdades eternas, necessárias e imprescindíveis a vida cristã a ponto de falar diretamente a alma e a real necessidade do homem; Na segunda, a simples e conhecida passagem falou de forma simples e bem literal, sem aprofundamento, sem alcançar e tocar o homem pecador. Não por carência do texto, pois o texto selecionado também permitia ao pregador extrair cura para a alma e restaurar-nos nossa visão distorcida sobre o evangelho de Cristo;
Na primeira senti o conforme e a paz de ser somente um ouvinte, disposto a deleitar-se eternamente nas palavras de Cristo; Na segunda, fui tomado pelo ímpeto desejo de restaurar as palavras de nosso Senhor;
Na primeira, as palavras finais do pregador foram: Não me preocupo em possuir uma mega igreja, preocupo-me em conduzi-los a Cristo. Não somos uma igreja de entretenimento, de show 'business'. Não estamos preocupados com crescimento acelerado e sem forma. Preocupo-me com este corpo de Cristo.
Na segunda, as palavras finais remeteram cada um a idéia de que Deus irá satisfazer todos os nossos desejos. Não foi posto nenhum adendo ou comentário para limitar a mente pensante do homem. Ou seja, cada um saiu com sua noção sobre Deus e a satisfação dos nossos desejos.
Na primeira, olhei ao meu redor e acredito ter encontrado alguns crentes sinceros e muitos verdadeiros.
Na segunda, olhei ao meu redor e vi uma grande multidão de crentes sinceros e poucos crentes verdadeiros.
Quanto a diferença entre crentes sinceros e verdadeiros fica para outra oportunidade.
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